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22 de abril de 2016

>A oração que não fiz

Imagem:web
Pastor em São Carlos; recebi a ligação de uma jovem para que fosse visitá-la em sua residência. Ela alegava ter problemas de mobilidade. Lá chegando, confesso, tive meu estômago embrulhado. Não tenho dom para enfermeiro e nem cirurgião. Ela tinha um afundamento craniano que me pareceu que lhe faltava metade do cérebro, com o consequente problema de paralisia acentuada em um dos lados do corpo.

Ela me recebeu com sorriso e alegria contagiantes. Para disfarçar meu embaraço, puxei da algibeira meu lado humorístico e tivemos uma excelente conversa. Ela me disse que queria frequentar a igreja. Afirmei que providenciaria para que isto acontecesse. Havia na igreja um jovem com o dom de serviço, forte e alto que, tendo carro, poderia fazer o trabalho. Acertei com ele e no domingo ele entrou com ela, carregada.

Assim aconteceu nas vezes seguintes.
Um dia fui visitá-la e ela me pediu que orasse pedindo que Deus desse a ela um marido: ela queria casar-se! Fiquei pasmo e não sei se consegui disfarçar o meu espanto, pois considerava o pedido impossível. Na saída orei por ela e não mencionei na oração o seu pedido de um marido. Terminada a oração ela me disse: “pastor, o senhor não pediu o marido para mim”. Sem graça e sem jeito, e de maneira um tanto irônica, disse: “Oh! Deus! Arruma um marido para ela!” Não era uma oração, era uma evasiva, quase uma piada!

Sai de São Carlos e morei fora do país. Alguns anos mais tarde me contaram a história dela. Um amigo do pai que morava a uns 200 km de distância veio visitá-lo e pediu a um jovem da igreja que fosse dirigindo o carro para ele. Ele conheceu a Izilda, conversaram animadamente pelo tempo em que o amigo lá esteve. Alguns dias depois ele voltou à casa sozinho e pediu ao pai que queria casar-se com ela. O pai lhe expôs as dificuldades e o que significaria casar-se com uma mulher com tal grau de deficiência. Ele insistiu e prometeu que cuidaria dela com todo o carinho. Diante da determinação do jovem e do sonho da filha, o casamento foi permitido.

Casaram-se, mudaram para a cidade em que ele morava. Soube que ele cuidou dela como princesa até o dia da sua morte e que eles tiveram uma filha. Perdi o contato com a família dela e nunca soube quem foi o marido, qual seu nome ou de onde era. Talvez nunca tenha sabido por que anjo não precisa de nome e endereço para atuar. Não sei onde mora a filha (ou filho, não tenho certeza!). Mas desta história sobraram algumas certezas para mim.

Quando soube do que havia acontecido, pensei: Deus responde até oração que não fazemos. Engano meu: achei que Deus tinha respondido a uma oração que não tinha feito. Hoje vejo as coisas de forma diferente. Deus tem uma predileção toda especial pelas viúvas, órfãos, deficientes! Deus não respondeu à minha oração não feita, antes à suplica dela. Ele deu um marido a ela no que pese a minha descrença.

De uma coisa sei e o sei por dura experiência: Deus pode responder até mesmo as orações não feitas! Deus pode fazer aquilo que é impossível! Deus pode dar um marido e uma filha a quem eu nunca teria dado!
É a graça de Deus!

Marcos Inhauser

4 comentários:

  1. Que linda história.Final maravilhoso, tanta verdade nele! abraços, chica

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  2. Que história linda!... E que bom, que a moça, foi uma pessoa feliz, até ao fim dos seus dias, tendo realizado o seu sonho... ter um marido...
    Não se culpe, por isso... pela oração que não fez... somos humanos... e se tantas vezes, duvidamos de nós mesmos... muitas mais vezes duvidamos dos outros, e de suas capacidades... independentemente de se tratar ou não de uma deficiência física, neste caso...
    São situações assim... que nos fazem ver... que de alguma forma... haverá lá cima quem zele por nós... de alguma forma...
    Deus não precisa de orações... a linguagem do coração e da fé... não precisa de palavras... a moça sempre soube que iria ter um marido... pois sempre acreditou ser possível... e nunca perdendo a fé... tornou-se uma pessoa admirável e amada aos olhos de alguém...
    Abraço! Bom fim de semana!
    Ana

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  3. Pois é, Deus sempre ouve os mais necessitados.
    Uma historia de desejos e querer.
    Meu abraço amigo.

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  4. Deus é assim, meu amigo Araújo! Faz muitas surpresas pra gente, quando a gente menis espera.
    Nunca podemos desistir, mesmo quando a coisa complica bastante.

    É isso, garoto! Grande abraço!

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