Não sei se os leitores terão paciência. Como já disse em outras oportunidades sou um autentico caipira. E como tal tenho minhas histórias pra contar. Não somente os caipiras têm história, todos nós temos histórias pra contar. Só que as histórias das pessoas das cidades são diferentes das nossas. Nossas histórias, na maioria das vezes não têm a violência como tema central. Nossas histórias o maximo que pode acontecer é o personagem estar armado com uma espingarda daquelas de carregar pela boca e não as metralhadoras usadas nas histórias urbanas. Hoje sou um caipira que conhece os dois lados, as histórias pode ser diferentes, mas ainda existem pessoas que infelizmente continuam cheios de preconceitos com os costumes do homem do campo. Os interessados na leitura clique aqui.
Sempre temos medo de alguma coisa; tenho um medo enorme de cobra. Quando falo isso, as pessoas me perguntam por que esse pavor todo. Não que eu tenha sido picado, isso não aconteceu comigo. Mas tive um irmão que esteve à beira da morte por causa de uma picada de cobra. Naquela época, eu era bem jovem ainda. Certo dia ele estava em um local juntamente com vários outros trabalhadores em uma região montanhosa onde tudo aconteceu. Trabalhava fazendo um roçado para plantação.
Meu irmão sempre foi uma pessoa forte, naquele dia teve que sair mais cedo do trabalho. Estava sentido dor de cabeça, deve ter sido provocada pela picada da cobra. Claro, até aí ninguém sabia do fato. Meu irmão resolveu vir embora pra casa, mas cedo. Se estive com a saúde perfeita gastaria o Maximo uma hora pra chegar, acabou levando mais de três. No caminho de volta, segundo ele contou depois, sentia as vistas escurecer.
Sua perna direita ficou tão inchada que não coube na calça que vestia. A tarde quando todos retornaram pra casa meu tio por curiosidade foi ver sua perna. Ao examinar com mais detalhe pode perceber que se tratava de picada de cobra. Pela marcas deixadas dava para perceber o tamanho da cobra. Prepararam vários emplastros, aquelas coisas bem caseira mesmo. Naquela noite meu irmão não conseguiu dormir. Ele gemia de dor. Nossa mãe ou foi varias vezes em nosso quarto.
Não tínhamos, naquela época, energia elétrica, a iluminação era feita a base de lamparina de querosene. Era uma época muito difícil em termos de recursos materiais. Em uma dessas idas de nossa mãe no nosso quarto, descobriu-se que meu irmão estava sangrando as gengivas, e todos os arranhões naquele momento sangrava. Seu quadro clinico era desesperador.
O dia amanheceu meu irmão não tinha forças de sair da cama. Existia um farmacêutico em um local distante. Meu tio, foi até o pasto, laçou um cavalo e saiu correndo pra lá a procura de recursos. Meu irmão estava à beira da morte. Conseguiu encontrar o farmacêutico e contar a história pra ele que atendendo ao pedido disse pra meu tio retornar o mais rápido possível que ele usaria o jipe para chegar até bem próximo. Por que meu tio teria que aguardar ele no ponto aonde nem mesmo o jipe naquela época chegava.
A partir daquele ponto o profissional da saúde deixou seu veiculo e montou em um cavalo. Enquanto isso, meu tio, segurava no rabo do mesmo enquanto o cavalo subia o morro. Chegando a nossa casa meu irmão foi medicado com o soro antiofídico. O médico, ou farmacêutico, como queira, por que pra nós naquele momento toda ajuda era bem vida, não importava de onde viesse disse que a chance daquele medicamento surtir efeito era mínima pelo fato do tempo que havia acontecido o incidente. Já havia passado mais de quinze horas. Lembro ainda que naquele tempo não existisse as agulhas descartáveis. Era usado um sistema de caixa com agulhas que era fervida em água quente em sistema de fogareiro em que se utilizava álcool para fazer fogo.
Medicação administrada, agora era esperar o resultado, ficamos contando as horas. Naquela noite, podíamos perceber a olhos vistos a melhora do meu irmão. Com o passar dos dias a perna desinchou, ficando toda roxa, era como se tivesse sido queimado. Aquela pele começou a se soltar como a própria cobra trocando de pele. Era horrível. Nesta época, tinha um homem chamado Sergio, era uma pessoa mística, mago, feiticeiro, sei lá. Morava em uma região distante, mas era amigo da família. E sempre que passava por lá às vezes ficava dois ou três dias em nossa casa.
Quando ficou sabendo do ocorrido disse que ia matar a cobra. Pensávamos que ele ia até o local procurar; nada disso ocorreu, disse que ia matar a cobra através de orações. Ajoelhou em frente ao meu irmão e colocou a mão direita no local da picada e começou a rezar em voz baixa. Pra ser mais exato ele apenas rezava somente no pensamento, pra ele mesmo. Ao termino disse: vai a um local, onde tem uma pedra, um troco podre e lá estará uma cobra morta. Isso tudo sem ao menos conhecer o local onde havia acontecido. No dia seguinte meu tio foi até o local indicado acompanhado do nosso pai. Lá chegando toda a cena descrita estava exatamente como o mago, místico sei lá havia descrito.
Com medo cutucaram a cobra para ter certeza e realmente a mesma estava morta e meu irmão se recuperando. Tem certas coisas que acontece em nossas vidas que é muito difícil descrever, outras vezes temos medo de sermos ridicularizados. Mas o Sergio era uma pessoa especial pra todos que o conhecia. Um dia a morte o levou. Eu e meu irmão como personagens dessa história ainda continuamos vivos enquanto a maioria dos demais participantes ativos já se foram. Eu! Ah, eu continuo tendo medo de cobra...
(a) J Araújo
Sempre temos medo de alguma coisa; tenho um medo enorme de cobra. Quando falo isso, as pessoas me perguntam por que esse pavor todo. Não que eu tenha sido picado, isso não aconteceu comigo. Mas tive um irmão que esteve à beira da morte por causa de uma picada de cobra. Naquela época, eu era bem jovem ainda. Certo dia ele estava em um local juntamente com vários outros trabalhadores em uma região montanhosa onde tudo aconteceu. Trabalhava fazendo um roçado para plantação.
Meu irmão sempre foi uma pessoa forte, naquele dia teve que sair mais cedo do trabalho. Estava sentido dor de cabeça, deve ter sido provocada pela picada da cobra. Claro, até aí ninguém sabia do fato. Meu irmão resolveu vir embora pra casa, mas cedo. Se estive com a saúde perfeita gastaria o Maximo uma hora pra chegar, acabou levando mais de três. No caminho de volta, segundo ele contou depois, sentia as vistas escurecer.
Imagem google |
Não tínhamos, naquela época, energia elétrica, a iluminação era feita a base de lamparina de querosene. Era uma época muito difícil em termos de recursos materiais. Em uma dessas idas de nossa mãe no nosso quarto, descobriu-se que meu irmão estava sangrando as gengivas, e todos os arranhões naquele momento sangrava. Seu quadro clinico era desesperador.
O dia amanheceu meu irmão não tinha forças de sair da cama. Existia um farmacêutico em um local distante. Meu tio, foi até o pasto, laçou um cavalo e saiu correndo pra lá a procura de recursos. Meu irmão estava à beira da morte. Conseguiu encontrar o farmacêutico e contar a história pra ele que atendendo ao pedido disse pra meu tio retornar o mais rápido possível que ele usaria o jipe para chegar até bem próximo. Por que meu tio teria que aguardar ele no ponto aonde nem mesmo o jipe naquela época chegava.
A partir daquele ponto o profissional da saúde deixou seu veiculo e montou em um cavalo. Enquanto isso, meu tio, segurava no rabo do mesmo enquanto o cavalo subia o morro. Chegando a nossa casa meu irmão foi medicado com o soro antiofídico. O médico, ou farmacêutico, como queira, por que pra nós naquele momento toda ajuda era bem vida, não importava de onde viesse disse que a chance daquele medicamento surtir efeito era mínima pelo fato do tempo que havia acontecido o incidente. Já havia passado mais de quinze horas. Lembro ainda que naquele tempo não existisse as agulhas descartáveis. Era usado um sistema de caixa com agulhas que era fervida em água quente em sistema de fogareiro em que se utilizava álcool para fazer fogo.
Medicação administrada, agora era esperar o resultado, ficamos contando as horas. Naquela noite, podíamos perceber a olhos vistos a melhora do meu irmão. Com o passar dos dias a perna desinchou, ficando toda roxa, era como se tivesse sido queimado. Aquela pele começou a se soltar como a própria cobra trocando de pele. Era horrível. Nesta época, tinha um homem chamado Sergio, era uma pessoa mística, mago, feiticeiro, sei lá. Morava em uma região distante, mas era amigo da família. E sempre que passava por lá às vezes ficava dois ou três dias em nossa casa.
Quando ficou sabendo do ocorrido disse que ia matar a cobra. Pensávamos que ele ia até o local procurar; nada disso ocorreu, disse que ia matar a cobra através de orações. Ajoelhou em frente ao meu irmão e colocou a mão direita no local da picada e começou a rezar em voz baixa. Pra ser mais exato ele apenas rezava somente no pensamento, pra ele mesmo. Ao termino disse: vai a um local, onde tem uma pedra, um troco podre e lá estará uma cobra morta. Isso tudo sem ao menos conhecer o local onde havia acontecido. No dia seguinte meu tio foi até o local indicado acompanhado do nosso pai. Lá chegando toda a cena descrita estava exatamente como o mago, místico sei lá havia descrito.
Com medo cutucaram a cobra para ter certeza e realmente a mesma estava morta e meu irmão se recuperando. Tem certas coisas que acontece em nossas vidas que é muito difícil descrever, outras vezes temos medo de sermos ridicularizados. Mas o Sergio era uma pessoa especial pra todos que o conhecia. Um dia a morte o levou. Eu e meu irmão como personagens dessa história ainda continuamos vivos enquanto a maioria dos demais participantes ativos já se foram. Eu! Ah, eu continuo tendo medo de cobra...
(a) J Araújo
Alô Jota Pessoa,especial e diferenciado blog este,no momento garimpando estou ,e feliz mui mais ainda por ocê em peneira minha achar,te referendo e feliz ficaria em te=lo como seguidor!
ResponderExcluirMe aguarde!
Irei fundo e terno em posts seus!
Viva a Vida!