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HISTÓRIA DA ERMIDA ANTONIO MARTINS


Arquivo pessoal
Antonio Martins passou um bom tempo sem vir a Araponga, Manuela entrou em desespero, ficou triste e desolada.

Situada no Parque Estadual Serra do Brigadeiro, a ermida de Antônio Martins foi construída em 1908, no alto da Serra do Brigadeiro, nas divisas dos Municípios de Araponga e Fervedouro. Hoje é ermida é referencial cultural da região, recebendo dezenas de visitantes por semana, turistas e romeiros. Sua história é marcada por uma triste tragédia, que com o tempo se converteu em fé e milagres.


Antonio Martins “caboclo” jovem, homem de bem, casado, residia no Distrito de São Vicente do Grama, município de Jequeri, vivia viajando com sua pequena tropa de burros, comerciando mercadorias pela região.


Araponga, (que à época se chamava São Miguel do Araponga) onde ele era muito bem quisto, visto que tinha muitos parentes e amigos, por ali passava com bastante frequência com suas tropas carregadas de mercadorias, e como sempre, necessitava pernoitar em todos os lugares que ia, pois seus animais chegavam exaustos.


Foi então que em uma dessas vindas a São Miguel do Araponga instalou-se na Fazenda do senhor Manoel Bittencourt Godinho, conhecido por seo Neco, que desde então passou a ser seu “rancho”.


Quando terminava de visitar as “vendas” do distrito ia com sua tropa de animais para fazenda do amigo, após tratar e soltar os animais, ia para a sede da fazenda onde ficava de conversa, esta rotina se repetiu por várias vezes, até se tornar íntimo de toda família.


Começou a ficar de conversa com Manuela Bittencourt, filha do seo Neco, e quando se deram conta estavam se gostando, nasce um romance proibido.


Assim começou a vir com mais frequência por esta região e procedia da mesma forma, todas as vezes que vinha, ficava de prosa, com o pessoal até altas horas e quando todos iam dormir, ficava a sós com Manuela. Não sabiam eles, que já levantavam suspeitas.


Num certo dia, quando chegou, Manuela apreensiva procurou-o o quanto antes, desesperada lhe dera a notícia de que estava grávida, e que já não conseguia mais esconder da família, pois já se passava alguns meses.


Antonio Martins se desesperou, ficou muito preocupado, era casado, ficou com muito medo da reação do seo Neco. Conversando com Manuela, planejou fugir juntos para Divino do Carangola, marcou uma data para voltar e buscá-la.


Assim ele fez, no dia combinado ele veio, já com dois animais prontos para a fuga, bateu na janela de Manuela, que já o espera ansiosa, que imediatamente, com as malas prontas pulou a janela montou no cavalo e fugiram. Seguiram pela estrada dos Estouros, a fim de transpor a Serra do Brigadeiro, pela trilha Matipozinho com destino a Divino do Carangola.


No quarto onde dormia Manuela também dormia uma criança, que ficava sob seus cuidados, como de costume esta criança acordou bem cedinho e sentindo a falta de Manuel, pôs-se a chorar, acordando toda a Família.


Que de pronto notou a janela aberta e a falta de alguns de seus pertences. Já imaginaram o pior. Revoltado o seo Neco saiu pelo terreiro da Fazenda e viu pegadas de animais debaixo da janela.


Como já desconfiavam, imediatamente mandou chamar o Cel. Rafael Jacovine, seu concunhado e amigo, homem de grande respeito e influencia, lhe contou o ocorrido, e de imediato o senhor Neco e Cel. Rafael Jacovine contrataram dois jagunços conhecidos por “Luiz da Izefa” e “Miguel do Félix”, para buscarem sua filha de volta e matar Antônio Martins.


Na manhã do dia 03 de fevereiro de 1908, saíram os dois jagunços, Ginuca (filho do seo Neco) e o Cel. Rafael Jacovine, seguindo os rastros dos animais, tarefa fácil, por ter chovido muito à noite e amanhecido com um tempo nebuloso.


A Ordem era trazer a filha de volta e pegar Antônio Martins, virar a Serra da Grama e matá-lo lá em outro município, assim fizeram e após duas horas da cavalgada, os dois estavam descansados fora da estrada, pois ela não tinha o costume de cavalgar, por isto pararam.


O tempo estava nebuloso, não notaram a aproximação dos quatro, que chegaram de forma mansa a cautelosa, conversando com Antonio Martins, diziam que não iam fazer nada contra ele, somente levar a moça de volta. Caindo na lábia, Antonio Martins foi surpreendido, os capangas o agarram e o amarram sobre o arreio de um dos animais.


Voltando com os dois rumo a Araponga, seguiam com ele mais a frente para proceder a judiação. De longe Manuela ouvia os gritos, e desesperada, suplicava para não mata-lo.


Chegando numa encruzilhada por onde se atalhava para a Serra da Grama, se separam. Ginuca mandou que os dois jagunços seguissem com Antônio Martins por aquele caminho e ele (Ginuca) o Cel. Rafael voltariam com Manuela para a Fazenda, marcando de reencontrar do outro lado da Serra, algumas horas depois.


Os jagunços seguiram com Antonio Martins por este caminho, volta e meia faziam paradas para espancar e torturar o infeliz, em certo momento, Antonio Martins com vontade de urinar, implorava para que parassem e o deixassem fazer suas necessidades, a covardia foi tanta que pararam e meteram a faca na sua bexiga, perfurando-a esparramando sangue e urina pelo corpo, e assim seguiu a torturando e mutilando seu corpo.


Ginuca e Cel. Rafael Jacovine, voltaram para casa, lá contaram o que havia acontecido durante a busca. Ginuca trocou de cavalo e seguiu viagem para encontrar com os jagunços, quando chegou ao local combinado os jagunços já estavam a sua espera, Antônio Martins já quase sem vida.


Assim seguiram viagem subindo a Serra da Grama virando para o outro lado da serra, lá chegando, Antonio Marins agoniava, pediu água, urinaram na sua boca. Para terminar o serviço, os jagunços dispararam dezenas de tiro de carabina, deixando o corpo mutilado estendido na beira da estrada.


Voltaram para Araponga e contaram ao seo Neco como tinham feito. Insatisfeito, mandou que Miguel do Félix voltasse lá e picasse o corpo colocasse em um saco e jogasse em um lugar qualquer e que também trouxesse uma de suas orelhas para ele como prova.


No dia seguinte, assim fez Miguel do Félix, foi para o Alto da Serra da Grama chegando perto do local onde havia deixado o corpo, começou a ouvir barulhos e vozes, então se afastou e se escondeu, assim que o barulho cessou ele voltou, mas quando tentava aproximar do corpo, novamente o barulho retornava.


Procedeu da mesma forma, escondeu e o barulho parou, então ele seguiu para próximo do corpo, e mais uma vez o mesmo barulho. Isto se repetiu por várias vezes, ele se aproximava o barulho começava, ele se afastava e o barulho sumia, ficou por horas tentando terminar o serviço e as “vozes” o impedia, mesmo corajoso, começou a ficar cismado e com um pouco de medo.


Foi até que desistiu da tarefa. Sabendo do acontecido, um pouco mais tarde, o senhor João dos Anjos Macedo e amigos foram buscar o corpo para receber um enterro digno.


O sofrimento em suas últimas horas de vida, a morte cruel fez com que o povo o tomasse por “santo”. Assim surge a ermida de Antônio Martins, construída com amor, sangue, fé, devoção e milagres. Todos os anos são celebradas missas pela alma de Antônio Martins


Texto: Rodinei Ribas

Comentários

  1. ue é o resta da historia rsrs não teve justiça para o Sr. Antonio Martins ? Que fim levou a dona Manuela e a criança.

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    1. Infelizmente parece que a história escrita acaba por aqui. Pesquisei mas nada que fala a respeito da gravidez da moça depois de ser encontrada e trazida de volta para o pai.São histórias, vamos dizer assim, mal contadas.

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  2. Manuela teve a criança que nasceu no dia 16 de junho de 1908 era uma menina com o nome de Maria da Conceição Bitencourt (Cocota) e morreu no ano de 2001 aos 93 anos de idade.
    Em breve estarei lançando um documentário sobre esta história.

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    Respostas
    1. Obrigado por esta informação tão importante. Desde já desejo todo sucesso e aguardo o lançamento do documentário sobre esta história.

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    2. Caro amigo, segue aqui o link do documentário.
      https://www.youtube.com/watch?v=qlkdxOHW8cU

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    3. Qual foi o fim da manoela?

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  3. Manuela teve a filha com Antônio Martins que se chamava Maria da Conceição Bitencourt, nasceu no dia 16 de junho de 1908, quatro meses após o assassinato de Antônio Martins.

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  4. A história passou na Diversa TV Grande documentário podia fazer um filme da história.

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  5. Valeu este link do documentário

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