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>Um caipira no mercado

webO homem do campo é por sua própria natureza um grande contador de histórias ou protagonista delas. Sabe-se que o homem do campo em outras épocas não utilizava papel higiênico, quando muito conseguia era jornal velho jogado no meio dos cafezais, hoje é diferente. Seo Lindolfo era um deles, nascido e criado na roça veio passear na cidade grande visitar alguns parentes. Resolveu sair para dar umas voltas e conhecer melhor a cidade acabou entrando em um grande supermercado. Acabou encontrando uma jovem que na linguagem comercial chamamos demonstradoras, a mesma estava promovendo uma determinada marca de papel higiênico, em um dos corredores do estabelecimento segurando o rolo de papel.
Assim que passava um cliente à mesma fazia a abordagem perguntando se já conhecia aquele marca. Não é que a mesma abordou "Seo Lindolfo".
― O senhor já conhece o papel higiênico Finíssimo? É um novo lançamento e estamos com uma excelente promoção. Na compra de dois pacotes o senhor preenche um cupom que é retirado no caixa coloca em nossa urna e vai concorrer a um carro zero.
― Não moça! Não conheço mais gostei da idéia.
― O senhor gostaria de experimentar?
― Claro! É só a senhorita me arrumar que experimento agora mesmo.

A demonstradora passou à suas mãos um pequeno pedaço para que o mesmo pudesse sentir a maciez, a suavidade a textura e a resistencia do produto. Seo Lindolfo até pegou, mas não se conformou com a quantidade oferecida e disse:
― Mocinha, a senhorita deve está de brincadeira comigo? Me desculpa mais esse pedacinho de papel aqui não vai dar pra nada! Vou me sujar é minha mão. A senhorita deve está me entendendo. Devia me dar um pouco mais, no momento estou mesmo precisando usar a latrina.
Latrina, pra quem não conhece é um bheiro rústico, ou melhor, é uma fossa mesmo. (Não confudir a outra fossa).
― O senhor não está entendendo, é que pelo tato das mãos já se sente a maciez do produto.
― E eu estou lá preocupado com maciez, volto a dizer quem não está me entendendo é a senhorita. Olha bem para minhas mãos, é toda cheia de calo de tanto trabalhar na roça no cabo da enxada mesmo. E eu, vou usar esse papel que a senhorita quer me vender não é pra enxugar minhas mãos não.

E antes que a senhorita pergunta, lá onde está pensando não tem calo não!
― O senhor está equivocado. Pode utilizar o banheiro do estabelecimento, lá tem papel higiênico à vontade não precisa o senhor levar daqui.
― É da mesma marca?
― Acho que não! Como eu disse é um produto novo lançado há pouco tempo.
― Ta vendo! Nem o próprio mercado está usando. E além do mais, a senhorita está faltando com o respeito comigo. Não estou cavoucado como a senhorita disse e não aceito essa desfeita e desconfiança.
― O senhor não entendeu de novo. Eu disse equivocado, são iguais confundidos, enganados, não estou aqui nem para confundi-lo, menos ainda para enganá-lo. O senhor entendeu?
― Não entendi nada, mais não vai me enganar mesmo! Não quero mais seu papel. Vou embora logo pro meu sítio e continuar usando folha mesmo. E de graça! Como vocês da cidade são complicados até pra negociar.
Depois de todo aquele mal entendido Sr. Lindolfo saiu do local desapontado com o sistema e como são feitos os negócios nos grandes centros comerciais. Ficou ali parado pensando com seus botões. Esse pessoal não sabe nem vender, quer que a gente compre as coisas sem experimentar. Comigo não! Percorreu alguns corredores verificando preços achou tudo muito caro. E no vira daqui vira dali acabou reencontrando com a moça do papel higiênico de novo, não se conteve e disse: ― Olha senhorita, a única coisa é que não vou é concorrer a nenhum carro. Passe bem!
Saiu dali e foi direto para a rodoviária comprar uma passagem de volta para sua terra natal de onde nunca deveria ter saído.
(Trecho de rascunho do livro "Minhas Lembranças" de J. Araújo)

Comentários

  1. Esta história tá igual ao atendente de telefone de um hospital em construçao lá minha cidade no interior de Minas.
    A garotada já sabendo passavam trotes o dia todo" E quando ele atendia e se dizia "Alô" Ele respondia Aloson não Afonso".
    Era o slogan do momento.Cada emprego chato. kkkkkk
    Grande bj Edna

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  2. Hua, kkk, ha, ha, quanta confusão a gente arranja por causa da diferença cultural (olha que é no mesmo pais, imagina no estrangeiro)...

    Fique com Deus, menino J. Araújo.
    Um abraço.

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  3. Colocando a leitura em dia!
    Bjs.

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  4. Olá conterrâneo. Coloquei um post pra vc.Espero que este causo seja em primeira mão.
    kkkkkkkk. Grande abraço. Edna

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  5. Oi Araújo.
    Leia o texto deste link, e comente por favor, seu comentário é muito importante, pois os comentários serão colocados em livro.
    http://www.amigosdepelotas.com/2010/04/um-dia-de-pop-star.html

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  6. Eita Jota vc não perde o jeito heim rsrsrsr!!é um contador do ¨causo¨nato!!gostei muito bem narrado !!bjão fique com Deus

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  7. kkkkkkkkkkkk rss rir é sempre bom . Apesar que vejo uma leve crítica nesse texto como o rapaz mencionou no comentário , essa é a chamada " Diferença cultural " Mas cai entre nós...Esses anúncios são muito chatos porém a pessoa que está nesse papel majoritariamente está lutando por um lucro e isso causa um cansaço pois ser escravo do dineiro é a pior coisa que pode acontecer...


    Saudades amigo do seu blogger! Sabe..esse canto " Serras de minas " me faz muito bem , sempre quando eu entro sinto muitas energias positivas e isso me faz bem ..vou te contar uma coisa , ás vezes acontece de eu nem comentar por um excesso de entusiasmo eu quero diizer tantas coisas num comentário e consigo dizer nada rsss ou então eu deixo a sua página aberta mas visitou outras páginas e não paro em nenhuma ( um defeito meu rs ) Mas é uma energia positvia basta deixa serras de minas conectados ao meu mundo .

    Boa noite e tenha uma semana abençoada caro J. Araújo !

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  8. Oi amigo.
    Bom ter você me visitando.
    Gosto de seu perfil franco e de seus textos interativoss. Vou te seguir e você? que tal seguir-me?...rs
    Bjs Guerreira

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