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>O mercado e o homem

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Arquivo pessoal
Por: Thaís F. Araújo

Karl Polanyi (KP) faz neste capítulo uma critica as leis do mercado auto-regulado. Nas sociedades primitivas havia o mercado, porém esses mercados eram itens acessórios da sociedade. E nessas sociedades não havia o medo da fome, que segundo KP era a única maneira de fazer com que o homem se submetesse as vontades do mercado.

Passa-se então a enxergar o trabalho, a terra e a moeda como mercadorias, pois estes são elementos essenciais para a indústria “Tradicionalmente, a terra e o trabalho não são separados. O trabalho é parte da vida, a terra continua sendo parte da natureza, a terra e a natureza formam um todo articulado [...] A função econômica é apenas uma entre as muitas funções vitais da terra. Esta dá estabilidade e vida ao homem; é o local de sua habitação, é a condição da sua segurança física, é a paisagem e as estações do ano. Imaginar a vida sem a terra é o mesmo que imaginá-lo nascendo sem mãos e pés” (p.181)

Retirar do homem as suas formas de subsistência era fazer com que ele cedesse aos interesses do mercado. Se havia então a necessidade de produzir deveria haver juntamente quem comprasse essas mercadorias e assim estariam estabelecidos os consumidores para a nova classe dominante.

A Revolução Industrial surgiu como a materialização da idéia de mercado auto-regulado. E a desarticulação social era a melhor forma de se alcançar a riqueza. Submetendo os pobres ao seu maior medo- a fome. Esse novo modelo de sociedade coloca as pessoas frente a cada vez maiores necessidades.
Com a visível exploração dos trabalhadores, por uma relação contratual não regulada, seria segundo Polanyi, inevitável que essa regulação surgisse. O que ocorreu durante os séculos XIX e XX.

Como uma reação de autodefesa da sociedade surgiu o sindicalismo, as legislações sociais, o protecionismo agrícola e etc. Havia entre os trabalhadores o desejo de manter uma proporcionalidade nos salários. Quanto maior o valor do produto, maiores deveriam ser os salários dos operários, que lutavam também por melhores condições de trabalho.

Porém os trabalhadores não eram o fator mais importante nos resultados obtidos, e o silêncio destes trabalhadores que fez com que a Inglaterra se diferenciasse das demais economias do ocidente. A classe trabalhadora britânica passou por diversos momentos tanto bons como ruins. A classe trabalhadora britânica foi usada como motivo para diversas conquistas, mas foi pouco participativa nessas decisões.

Owen, um grande industrial e filantropo foi capaz de mobilizar a classe trabalhadora em torno do Parlamento para a criação e aprovação da “Carta do Povo” (documento redigido por Lovett em 1838), cujas exigências visavam à democratização da ordem estatal da Inglaterra. Incluía seis pontos: sufrágio universal masculino, distritos eleitorais iguais, parlamentos anuais, remuneração dos parlamentares, voto secreto e nenhuma exigência de propriedade para pertencer ao parlamento. Owen defendia a unificação das classes trabalhadoras.

Atualmente há uma grande preocupação em se separar o trabalho, a moeda e a terra das leis de valores do mercado.

Vejamos a natureza, a terra passa a ter na sociedade contemporânea um novo significado, já que por ser ela um bem finito não pode estar sujeitas as vontades do mercado irrestritamente. Então os programas de preservação da natureza, de planejamento sustentável estão cada vez mais em alta. A flexibilização do trabalho é algo cada vez mais presente na sociedade. Hoje uma mercadoria não é mais vista pelo tempo que demorou a ser produzida ou pela força empregada, pois a inteligência e a criatividade são os maiores bens empregados no processo mercadoria-trabalho.

Portanto não há mais um indivíduo único que trabalha por si e valoriza o seu trabalho. Há um bem coletivo. Que deve se preservado e respeitado. As relações de trabalho também sofrem constantes mudanças, com a classe trabalhadora se organizando e impondo sua voz na criação de novas leis. Os sindicatos se transformaram em uma grande estrutura política. Com voz ativa dentro das relações trabalhistas.

Thais F. Araújo, é Servidora Pública,
Técnica de Enfermagem e estudante 
de Direito da PUCC/Campinas -SP

Comentários

  1. Muito linda postagem! abraços, lindo fds,chica

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  2. Olá Thais, provavelmente esposa ou filha de J. Araújo, autor deste blog.
    Eu acredito que o cooperativismo revolucionou a agricultura, seja as grandes propriedades ou pequenos agricultores familiares, estes sim vivem uma grande mudança de vida! Hoje temos no campo o sistema "Banco da terra" que une vários micros proprietários com bens maquinários coletivos, com uma vida de conforto e lazer, internet e duto o mais, merecidamente!
    A vida do homem da terra, como todos sabem é muito penosa e quase sem retorno.
    Eu e meu marido somos viticultores como podem ver nos meus blogs.
    Adorei esta postagem com imagens de Minas, muito parecida com a nossa propriedade em se tratando das montanhas...kkk Adorei tudo! Obrigada pelo convite para conhecer este blog. Um abraço. Ivany

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  3. Olá Ivany, a Thaís e a Michele são minhas filhas que ultimamente vem colaborando comigo nas postagens.

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  4. Boa noite Araujo,

    Inteligente o texto de sua filha, mas ainda existe trabalhadores escravos nesse país, como os pequenos agricultores, os cortadores de cana.

    Nem sempre na minha opinião os sindicatos se mobilizam a favor dos trabalhadores, há lugares no norte e nordeste do país, em que a LEI É O PROPRIETÁRIO, O FAZENDEIRO.

    Temo que ainda faltam muitas coisas para chegarmos ao ideal para os trabalhadores rurais, salvo, os proprietários rurais que vivem do seu trabalho, e da família que atua como trabalhadores.

    Ainda assim há de se pensar quanto penoso deve ser para esses pequenos proprietários, o acesso a educação e a saude. Se aqui em Campinas, grande polo industrial a situação é critica, imagina no interior desse país...

    Mesmo assim muito bem colocado o assunto, parabéns. abraços, sonia.

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  5. Meu caro, gostei do que li...Espectacular.....
    Um abraço solidário

    ResponderExcluir

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