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25 de abril de 2010

>Um caipira no mercado

webO homem do campo é por sua própria natureza um grande contador de histórias ou protagonista delas. Sabe-se que o homem do campo em outras épocas não utilizava papel higiênico, quando muito conseguia era jornal velho jogado no meio dos cafezais, hoje é diferente. Seo Lindolfo era um deles, nascido e criado na roça veio passear na cidade grande visitar alguns parentes. Resolveu sair para dar umas voltas e conhecer melhor a cidade acabou entrando em um grande supermercado. Acabou encontrando uma jovem que na linguagem comercial chamamos demonstradoras, a mesma estava promovendo uma determinada marca de papel higiênico, em um dos corredores do estabelecimento segurando o rolo de papel.
Assim que passava um cliente à mesma fazia a abordagem perguntando se já conhecia aquele marca. Não é que a mesma abordou "Seo Lindolfo".
― O senhor já conhece o papel higiênico Finíssimo? É um novo lançamento e estamos com uma excelente promoção. Na compra de dois pacotes o senhor preenche um cupom que é retirado no caixa coloca em nossa urna e vai concorrer a um carro zero.
― Não moça! Não conheço mais gostei da idéia.
― O senhor gostaria de experimentar?
― Claro! É só a senhorita me arrumar que experimento agora mesmo.

A demonstradora passou à suas mãos um pequeno pedaço para que o mesmo pudesse sentir a maciez, a suavidade a textura e a resistencia do produto. Seo Lindolfo até pegou, mas não se conformou com a quantidade oferecida e disse:
― Mocinha, a senhorita deve está de brincadeira comigo? Me desculpa mais esse pedacinho de papel aqui não vai dar pra nada! Vou me sujar é minha mão. A senhorita deve está me entendendo. Devia me dar um pouco mais, no momento estou mesmo precisando usar a latrina.
Latrina, pra quem não conhece é um bheiro rústico, ou melhor, é uma fossa mesmo. (Não confudir a outra fossa).
― O senhor não está entendendo, é que pelo tato das mãos já se sente a maciez do produto.
― E eu estou lá preocupado com maciez, volto a dizer quem não está me entendendo é a senhorita. Olha bem para minhas mãos, é toda cheia de calo de tanto trabalhar na roça no cabo da enxada mesmo. E eu, vou usar esse papel que a senhorita quer me vender não é pra enxugar minhas mãos não.

E antes que a senhorita pergunta, lá onde está pensando não tem calo não!
― O senhor está equivocado. Pode utilizar o banheiro do estabelecimento, lá tem papel higiênico à vontade não precisa o senhor levar daqui.
― É da mesma marca?
― Acho que não! Como eu disse é um produto novo lançado há pouco tempo.
― Ta vendo! Nem o próprio mercado está usando. E além do mais, a senhorita está faltando com o respeito comigo. Não estou cavoucado como a senhorita disse e não aceito essa desfeita e desconfiança.
― O senhor não entendeu de novo. Eu disse equivocado, são iguais confundidos, enganados, não estou aqui nem para confundi-lo, menos ainda para enganá-lo. O senhor entendeu?
― Não entendi nada, mais não vai me enganar mesmo! Não quero mais seu papel. Vou embora logo pro meu sítio e continuar usando folha mesmo. E de graça! Como vocês da cidade são complicados até pra negociar.
Depois de todo aquele mal entendido Sr. Lindolfo saiu do local desapontado com o sistema e como são feitos os negócios nos grandes centros comerciais. Ficou ali parado pensando com seus botões. Esse pessoal não sabe nem vender, quer que a gente compre as coisas sem experimentar. Comigo não! Percorreu alguns corredores verificando preços achou tudo muito caro. E no vira daqui vira dali acabou reencontrando com a moça do papel higiênico de novo, não se conteve e disse: ― Olha senhorita, a única coisa é que não vou é concorrer a nenhum carro. Passe bem!
Saiu dali e foi direto para a rodoviária comprar uma passagem de volta para sua terra natal de onde nunca deveria ter saído.
(Trecho de rascunho do livro "Minhas Lembranças" de J. Araújo)

9 comentários:

  1. Esta história tá igual ao atendente de telefone de um hospital em construçao lá minha cidade no interior de Minas.
    A garotada já sabendo passavam trotes o dia todo" E quando ele atendia e se dizia "Alô" Ele respondia Aloson não Afonso".
    Era o slogan do momento.Cada emprego chato. kkkkkk
    Grande bj Edna

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  2. Hua, kkk, ha, ha, quanta confusão a gente arranja por causa da diferença cultural (olha que é no mesmo pais, imagina no estrangeiro)...

    Fique com Deus, menino J. Araújo.
    Um abraço.

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  3. Colocando a leitura em dia!
    Bjs.

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  4. Olá conterrâneo. Coloquei um post pra vc.Espero que este causo seja em primeira mão.
    kkkkkkkk. Grande abraço. Edna

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  5. Oi Araújo.
    Leia o texto deste link, e comente por favor, seu comentário é muito importante, pois os comentários serão colocados em livro.
    http://www.amigosdepelotas.com/2010/04/um-dia-de-pop-star.html

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  6. Eita Jota vc não perde o jeito heim rsrsrsr!!é um contador do ¨causo¨nato!!gostei muito bem narrado !!bjão fique com Deus

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  7. kkkkkkkkkkkk rss rir é sempre bom . Apesar que vejo uma leve crítica nesse texto como o rapaz mencionou no comentário , essa é a chamada " Diferença cultural " Mas cai entre nós...Esses anúncios são muito chatos porém a pessoa que está nesse papel majoritariamente está lutando por um lucro e isso causa um cansaço pois ser escravo do dineiro é a pior coisa que pode acontecer...


    Saudades amigo do seu blogger! Sabe..esse canto " Serras de minas " me faz muito bem , sempre quando eu entro sinto muitas energias positivas e isso me faz bem ..vou te contar uma coisa , ás vezes acontece de eu nem comentar por um excesso de entusiasmo eu quero diizer tantas coisas num comentário e consigo dizer nada rsss ou então eu deixo a sua página aberta mas visitou outras páginas e não paro em nenhuma ( um defeito meu rs ) Mas é uma energia positvia basta deixa serras de minas conectados ao meu mundo .

    Boa noite e tenha uma semana abençoada caro J. Araújo !

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  8. Oi amigo.
    Bom ter você me visitando.
    Gosto de seu perfil franco e de seus textos interativoss. Vou te seguir e você? que tal seguir-me?...rs
    Bjs Guerreira

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