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11 de dezembro de 2015

>Identidade perdida

Imagem: Arquivo pessoal
Estava lendo há algum tempo, um artigo,  em um jornal falando sobre pessoas que passam a vida perambulando pelas ruas dos grandes centros urbanos dormindo em baixo de pontes, viadutos e marquises de lojas. Também são vistos em praças públicas nas noites de verão.  São pessoas que foram esquecidas pela sociedade.  O jornal citava o exemplo de um senhor que havia falecido em novembro do ano passado às margens de um córrego de uma grande avenida da cidade.  Esse senhor desconhecido pelas autoridades após sua morte o cadáver foi recolhido e encaminhado para o necrotério municipal onde ficou a espera que alguém reclamasse seu desaparecimento, porém, passados seis meses não apareceu ninguém que se interessasse pelo mesmo.  

Foi sepultado como indigente devido à falta de documentação que provasse sua identidade. Não apareceu quem quer que seja, ficou sem amigos, sem família, na verdade, sem dignidade.  O caso desse senhor serve apenas para ilustrar bem a maioria dessas pessoas que perambulam pelas ruas, a maioria delas envolvidas com álcool e drogas na ilusão que essa atitude vai melhorar ou fazer com se esqueça o mundo em que viva. No cemitério, não havia quem chorasse sua falta, como acontece na maioria dos velórios e enterros de pessoas que arrastam dezenas, às vezes centenas de acompanhantes para uma despedida final.

No lugar onde deveria constar um nome, apenas a palavra desconhecido, aparece em uma cova rasa, sem flores e  mais nada que possa indicar que ali também tem repousado um ser humano que nasceu, viveu e morreu sem deixar nenhuma história escrita. Segundo os funcionários do local,  muitas vezes, são enterrados de uma só vez dezenas de pessoas que não havendo reclamação dos cadáveres acabam sendo levados a um local especifico para esse tipo de sepultamento. Assim como sua vida seus pertences também foram esquecidos e deixados em baixo da ponte onde morava; um colchonete, um cobertor desses mais barato e um pedaço de plástico que, provavelmente, o mesmo usava para se proteger do frio. Pessoas que morrem nas cidades sem identificação são enterradas em um minuto sem nenhum ritual e com a presença apenas dos coveiros. São sepultados sem oração ou despedida. Vivem e morrem como anônimos.  
(a) J araújo


4 comentários:

  1. É algo difícil e muito triste; já me peguei várias vezes
    em perguntas sem respostas; há muitos que só conheceram o sofrimento
    e mesmo assim conseguem esboçar algum tipo de compaixão ou sorriso...
    Mas penso que no Brasil há vários tipos de identidade perdida um RG não significa nada;
    Já que não dá para resolver o problema rápido... por vários motivos... gostaría que os
    políticos de cada município ou cidade fizesse banheiros com chuveiros e todo o aparato necessário
    para um asseamento para essas pessoas.
    Dar um pouco de dignidade, já!
    Uma vez andei pela prefeitura para ver o que podía fazer por um morador de rua...
    As pessoas só reclamavam do cheiro; mas ninguém fazia nada; corri uma semana foi bem desgastante;
    Sempre falo de que quando eu morrer... me enterre em uma vala comum kkk. Ou me faça
    de adubo para as minhas plantas kkk.
    Bom começo de final de semana.

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  2. Um post, bem pertinente!!!! E que nos faz reflectir, sobre o estilo de vida... e de sociedade em que estamos... a da mais pura indiferença... por aqueles menos afortunados, que poderão não ter tido as melhores circunstâncias de vida... para terem uma outra vida, mais digna.
    Por cá... temos um problema idêntico... mas diferente... por vezes muitos idosos, são simplesmente deixados, ao abandono, em suas próprias residências... e entregues à sua sorte... família, por vezes, não arranja tempo, nem meios para cuidar de seus idosos... eles mesmo, terão parcos meios de subsistência, por vezes, pelo que também não terão possibilidades de dar entrada em algum lar, por mais barato que seja...
    Por vezes algum vizinho perto... se lembra que já não vê certa pessoa, há alguns dias... e quando vão à sua procura... tarde demais... também se ficando, na mais profunda solidão e abandono...
    Outros haverá... que pura e simplesmente, quando estão doentes... ficam abandonados nos hospitais...
    Por acaso, esta semana, mesmo, foi aprovada legislação, relativa à criminalização por abandono de idosos... com pena de 2 anos de cadeia...
    Enfim... é o mundo que temos... da mais pura indiferença e desamor pelo próximo... por vezes, até de sua própria família...
    Abraço! Bom fim de semana! É sempre um gosto passar por aqui, ficando a conhecer um pouco mais do seu Brasil... do verdadeiro e profundo... mas que é bem real!!! Pois só assim se acordam consciências adormecidas...
    Ana

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    Respostas
    1. Ana, seu comentário muito enriquece esta postagem. Você faz um paralelo muito interessante do que acontece lá e cá. E isso nos mostra que problemas quase que idênticos acontece em todo lugar, só muda o endereço. Agradeço imensamente sua participação sempre positiva.

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    2. Ana, seu comentário muito enriquece esta postagem. Você faz um paralelo muito interessante do que acontece lá e cá. E isso nos mostra que problemas quase que idênticos acontece em todo lugar, só muda o endereço. Agradeço imensamente sua participação sempre positiva.

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