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25 de julho de 2020

Nesse Evangelho, padre, você, para mim, representa o paralítico!

Prezado Padre Edson

Sou professor aposentado.

Fui educador por mais de 50 anos.


Portanto, como você, formador de opinião. Cresci sob as orientações pedagógico-religiosas de escolas católicas: estudei em Colégios Salesianos, frequentei desde criança a Igreja, assistindo às missas dominicais, sou batizado, crismado e respeito alguns dos dogmas dessa Igreja.

Posteriormente, fui para o Colégio Militar do Rio de Janeiro fazer o ensino fundamental e médio (antigos primário e científico), onde, por alguns anos, ajudei diariamente, como coroinha, nas missas das 19:00 horas, ao Capelão/Major do CM – Monsenhor Alfir Barreto Araújo. Logo, tenho todo um alicerce religioso fundamentado nos ensinamentos da igreja católica.

Hoje ainda sou católico, mas por um fio, pois me encontro no limiar de sair do catolicismo, há ainda uma tênue linha que me segura na igreja; isso por diversas razões, a principal das quais é a postura atual da nossa Igreja – a Instituição e, claro, de seus sacerdotes, a começar pelo atual papa, os quais deixaram de lado o Evangelho e se envolveram de forma ostensiva em ideologias políticas, apequenando-se como Igreja ao se tornar, em sua grande maioria, militantes políticos.

Padre Edson, a primeira de tantas coisas que aprendi com meus pais, especialmente com meu Pai – que já não se encontra mais neste Plano – foi o respeito.

Em seguida, a retidão de caráter.

Não fosse essa base introjetada em meu âmago, eu me referiria a você como

– Um padreco!

Sim, seria um apelido apropriado.

Mas não, atenho-me no limiar do respeito e continuarei a chamá-lo padre ainda que você não o mereça.

E explico por quê.

Fiquei pasmo com a fala em sua homilia (?) daquele 2 de julho! Será que aquilo foi uma homilia???

Daí por que pergunto: os anos de estudos teológicos que você passou no seminário, aprofundando-se no estudo da Bíblia e em tudo que implica o curso para um homem se tornar padre, não lhe deram maturidade, bom senso, discernimento nem sabedoria para que você nunca atravessasse os limites daquilo para o qual você foi ordenado?

Não???

O mínimo que você deveria ter aprendido é que “Deus pede para você não julgar”! Para ninguém, aliás!

Prosseguindo, e para não cometer nenhuma injustiça com sua postura – lamentável, por sinal – transcrevo “ipsis litteris” suas palavras naquela infeliz homilia do dia 2 de julho:

“Às vezes as pessoas dizem para mim: Padre, cuidado com o que o senhor fala na homilia porque tem gente que não gosta.

Ué, o que que a gente tem que falar na homilia?

Senão aquilo que Deus nos pede para falar. Não é?

Se a gente tá vendo, por exemplo, que o governo não presta, o padre não pode falar que o governo não presta porque o povo não quer ouvir isso? Quem somos nós diante do projeto de Deus? Que tipo de profecia nós temos que fazer hoje?

Um país que já chegou a 60.000 mortos pela pandemia e não temos um Ministro da Saúde, vocês querem que eu fale o quê? Aquilo que todos falam: ah, ele não trabalha porque não deixam ele trabalhar. Não! É porque ele não presta!”

E para se apequenar ainda mais, você conclui em seu julgamento:

“Bolsonaro não vale nada!

E quem votou nele devia se confessar.

Pedir perdão a Deus pelo pecado que cometeu porque elegeu um bandido para presidente. Isso que aconteceu.”

Aproveito para lhe perguntar, padre: você leu o Evangelho do dia? Você preparou sua homilia como um bom sacerdote deve fazê-lo, assim como o professor prepara sua aula, o pastor, sua palestra, igualmente como o poeta sonha, viaja e burila as palavras para criar o poema? Como o pedreiro separa a terra, o cascalho, os tijolos, areia, cimento e água para sua obra? Preparou, padre?

Pois é, eis o Evangelho do dia 2 de julho: Mateus 9, 1-8. Narra o encontro de Jesus com o paralítico, desculpe, você sabe, claro!

Seria redundante repeti-lo.

Aprendi que “não se ensina o Pai-Nosso ao seu vigário”.

Nesse Evangelho, padre, você, para mim, representa o paralítico: sim, a quem Jesus perdoou os pecados e a quem o Mestre dos Mestres curou da enfermidade...

Fazendo o papel de advogado do diabo... (desculpe por essa palavra, alguns sacerdotes não gostam, têm medo dela), acho que você quem deveria se confessar, quem deveria pedir perdão por julgar um irmão...

Não é verdade, Padre Edson Adélio Tagliaferro???

Sabe, padre Edson, sempre que eu vou à missa, minha maior expectativa é a homilia.

Ou seja, toda minha esperança reside na interpretação das leituras e do evangelho feita pelo sacerdote que, somada à eucaristia, me dão a sustentação espiritual para a semana que começa. Isso me proporciona mudanças de comportamento em relação às da semana que terminou, fazem eu repensar minhas atitudes perante o outro e diante da vida para a semana entrante. Sempre é assim.

No entanto, ao assistir estarrecido à sua homilia, entendi e entendo por que a Igreja católica vem perdendo fiéis sistematicamente.

Atualmente é a religião que mais perde devotos em todo o mundo.

Está claro o porquê. Vocês sacerdotes (não todos, graças a Deus!) abandonaram sua legítima missão e se tornaram militantes políticos. Transformaram-se em verdadeiros teóricos de uma ideologia progressista. É com tristeza que vejo isso.

O que você acha se eu escrevesse aqui e agora:

Padre Edson Adélio Tagliaferro não presta!

É um bandido!

Qual seria sua reação, padre? Qual???

Você estudou muito no seminário, não é, padre?

Latim, grego, estudou bastante a língua portuguesa.

Sei, porque a formação acadêmica dos sacerdotes é de excelência.

Você sabe o que é etimologia, não sabe?

Conhece a origem da palavra “bandido”?

Por favor, observe:

“Temos muitas palavras para designar pessoas que desobedecem às leis para lucro próprio. Um exemplo é bandido, que vem do Italiano bandito, “banido, afastado do convívio dos outros”, de bandire, “proscrever, banir”, do Latim bannire, “proclamar”.

Por outro lado, dizer que uma “pessoa não presta” é afirmar que ela não tem bom caráter, não é séria, não é honesta...

Você deve ser uma pessoa inteligente, então não vou perder seu tempo e o meu com o óbvio, certo.

Então lhe pergunto, padre: será que para 60 milhões de pessoas, arredondando – eleitores adultos e votantes ativos – nosso Presidente não presta? É bandido? Será que para esses milhões de pecadores, o governo dele não presta??? Será, padre Edson Tagliaferro???

Não haverá sacerdotes o bastante para tantas confissões, não é, padre???

Padre Edson, nosso Presidente Jair Messias Bolsonaro pode ser qualquer coisa, pode ter qualquer defeito (todos temos) – MAS DIZER QUE ELE É BANDIDO, AFIRMAR QUE ELE NÃO PRESTA – são duas difamações indignas saídas da boca de UM SACERDOTE COM UM MÍNIMO DE DIGNIDADE E DE RESPEITO POR SI PRÓPRIO!

Não gosto de chavões, mas este aqui lhe cai bem:

“Pior cego é aquele que não quer enxergar.”

Padre Edson, para o seu bem como sacerdote que tem uma missão nobre a cumprir: estude mais, pesquise, leia coisas boas e não tendenciosas, analise todos os aspectos. Não saia por aí... especialmente numa homilia, falando besteira, padre. Seus cabelos já estão embranquecidos... independente de ideologias, a velhice nos traz sabedoria. Cuide-se, cuide de sua dignidade, não a perca, por favor.

Sabe, padre Edson, a vida é feita de escolhas. Caso você opte realmente por esse caminho, seja coerente: abandone a batina, vista uma camisa vermelha e vá ser militante de fato e no lugar apropriado, mas respeite o púlpito e a nós católicos!

Plagiando sua pergunta: “Será este o projeto de Deus para o sacerdote – padre Edson? Será???

Não seja mais um colaborador da destruição da Igreja católica. Afinal, seu Mestre – Jesus – deve ter lhe ensinado:

Não julgueis para que não sejais julgado.

Fique em Paz, padre, você merece a Paz do Senhor.

Cleir Edson Pereira de Deus. Professor. São João Del Rei (MG)

 Assim finaliza sua “homilia”, padre Edson. (Vídeo aqui)

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