Ela
cumpriu pena por golpes financeiros, falsificação de documentos, furtos e
assaltos à mão armada. Dominique Cristina Scharf é considerada a maior
estelionatária do Brasil e deixou a Penitenciária Feminina de Tremembé no
início de setembro. A mulher de 65 anos cumpriu 32 anos de reclusão.
Filha
de pai americano e mãe alemã, Dominique permaneceu presa além do limite máximo
de cumprimento de pena, que na época de sua condenação era de 30 anos. Ela
entrou com ação no Supremo Tribunal Federal buscando extinguir definitivamente
sua condenação com base nesse teto legal.
Duas
fugas protagonizadas por Dominique durante o período de reclusão contribuíram
para o prolongamento de sua permanência no sistema penitenciário, segundo a
Justiça. Esses episódios afetaram o cálculo final da pena.
"Gosto sempre de deixar
claro que nunca matei uma mosca. O vendedor de joias não se feriu", declarou Dominique, referindo-se a
um assalto ocorrido em 2003, classificado como tentativa de homicídio e levado
ao Tribunal do Júri, que resultou em condenação adicional de 12 anos de prisão.
Nascida
em São Paulo em 1960, Dominique cresceu em ambiente privilegiado e frequentou
escolas de elite. Sua trajetória criminal começou após o falecimento do pai e o
distanciamento da mãe. Em 1981, aos 21 anos, foi presa pela primeira vez.
Na
década de 1990, ela já acumulava dezenas de inquéritos policiais. As
autoridades a consideravam uma das criminosas mais habilidosas de São Paulo.
Seu repertório incluía desde falsificação de cheques até esquemas elaborados,
como a venda de joias falsas apresentadas como autênticas.
Entre
suas especialidades estava o "golpe do amor", no qual se
envolvia com homens casados, fotografava-os nus durante o sono e posteriormente
exigia quantias elevadas para não enviar as imagens às esposas. Em estabelecimentos
de luxo, hospedava-se em hotéis sofisticados e partia sem pagar, ou em
restaurantes requintados, evitava a conta colocando insetos na comida.
A
situação processual de Dominique tornou-se complexa com o passar dos anos. Ela
acumulou 20 processos de execução penal simultâneos. O Departamento de
Execuções Criminais unificou todos em um único processo em 2016. A pena total
estabelecida foi de 57 anos, 11 meses e 10 dias de reclusão.
As
fugas também marcaram sua história no sistema prisional. Em uma ocasião,
escapou do Carandiru com outra detenta utilizando um alicate para cortar o
alambrado. Ambas foram recapturadas ao tentar atravessar um córrego. Em
Ribeirão Preto, para onde foi transferida após a primeira fuga, protagonizou
nova evasão, escalando uma estrutura de madeira usada para plantação de
maracujá e saltando uma muralha de seis metros.
Em
2006, uma falha no sistema judicial permitiu que Dominique fosse transferida
para o regime semiaberto, mesmo sem preencher os requisitos necessários. Este erro
administrativo foi identificado e corrigido dez anos depois, quando a Justiça
determinou seu retorno ao regime fechado.
A
confusão em torno de suas múltiplas condenações levou a própria Dominique a
perder o controle sobre o tempo que ainda deveria permanecer presa. Em 2023,
enviou uma carta à Justiça solicitando esclarecimentos.
"Não é justo que nem a juíza saiba
quanto tempo eu tenho para ficar presa", afirmou na correspondência. Durante sua permanência em
Tremembé, Dominique construiu uma imagem ambivalente.
"Nunca me
senti parte da população de Tremembé. Lá tem muitas assassinas, pedófilas e
estupradoras. Não tenho nenhuma afinidade com esse tipo de crime", disse.
Agora
em liberdade, Dominique pretende criar uma grife autoral de roupas de tricô feitas
à mão, aproveitando sua afinidade com a moda, interesse que manteve durante os
anos de prisão.
Ao deixar Tremembé, Dominique já tem planos para o futuro além do empreendimento na área da moda. "Meu sonho é visitar a minha família, que mora na Austrália. E quem sabe ficar por lá", declarou. Fonte: Jornaldacidadeonline
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